O que são Mitos, Ritos e lendas? Em um modo geral, os Mitos e lendas são alegorias textuais, com o objetivo de dar sentido a um interesse ou busca de respostas. Porém, existe diferença entre ambas. Os mitos, são alegorias textuais ou como mais conhecemos por metáforas, usadas para explicar ou dar ensinamentos sobre algo que nunca aconteceu no tempo ou espaço. são apenas ensinamentos. É uma narrativa simbólica com relação a uma cultura que procura explicar, por meio da ação e do modo de ser de personagens, a origem das coisas como por exemplo a origem do mundo, dos homens, dos animais, etc. Ou qualquer outra coisa fantasiosa qualquer (isso não importa).
Ao mito está associado o Rito. O rito é um modo de por um mito em ação na vida do homem. Em cerimônias, danças, orações, entre outras coisas. Já as Lendas, as lendas também são ensinamentos através de metáforas e alegorias, mas com a diferença de serem NARRADAS. Ou seja, transmitida pela tradição oral ao longo dos tempos. Resumindo, são histórias contadas através dos anos, de homem a homem, cada um usando suas fantasias particulares em suas narrações para contar tal história.
As lendas tem um caráter fantástico, as lendas combinam fatos reais e históricos com fatos irreais que são apenas produto aventuresco da imaginação do homem. Já diz o ditado “Quem conta um conto aumenta um ponto”. As lendas em si, muitas das vezes são consideradas a degeneração do Mito. A diferença principal entre o MITO e a LENDA é que os Mitos, nunca aconteceram no tempo ou espaço, não são verdades absolutas e nem mentiras. São apenas explicações de determinada cultura para algo através de alegorias e metáforas.
Já a Lenda pode ser só uma degeneração de um mito ou pode ser sim uma verdade, contada com narrativas alegóricas entre anos e vários homens. Lendas ou mitos, o que nos importa é que ambas podem sim nos trazer grandes ensinamentos. Nos tempos antigos, como antes de Cristo e também durante a vivência de Cristo e por muitos séculos seguintes… Os mitos e lendas eram um tipo frequente de dialeto entre as pessoas. Os grandes sábios e profetas assim se comunicavam para passar seus ensinamentos e sábias estruturas religiosas na construção de sua cultura. Como um grande exemplo, temos o grande livro sagrado (Bíblia). Nele podemos ver muitas explicações e ensinamentos através dos mitos e alegorias textuais. Podemos citar o Mito da Criação na Bíblia Sagrada, onde através de “Adão e Eva” se explica na essência do mito, a origem masculina, a origem feminina e o início de tudo, entre muitos outros ensinamentos, onde o próprio ego humano o leva a decadência, desafiando a lei de Deus para se por como ele comendo do fruto proibido para o consumo, onde deveria evitá-lo como condição para se estar no paraíso.
Com isso podemos identificar também que a lei de Deus é soberana a todos nós e que uma vez a descumprindo iremos arcar com a consequências para aprendizado. Assim como o mito citado acima, usado pela religião Judaico Cristã até os dias de hoje, a Umbanda também se dispõe de alguns mitos, vindos da cultura Nagô de origem Africana, para explicar seus cultos aos Orixás.
A nossa Umbanda, também pode desfrutar desses ensinamentos, uma vez que suas essências condizem com o que cultuamos, os Orixás como qualidades Divinas e Deus. Como por exemplo vamos analisar o Mito da Criação vindo da cultura Nagô em culto aos Orixás. Onde explica através desse mito, a origem do mundo e das coisas entre muitos outros ensinamentos.
“Olorum (Deus) destacou de si, sua essência criadora e criou Oxalá (Cristo), Olorum (Deus) chamou Oxalá (Cristo) e pediu que ele criasse o mundo, sendo assim Oxalá, sai do Orum (céu) e vai para o Ayê (terra).
Saindo do Orum em direção ao Ayê, Oxalá leva consigo um saco dado por seu Pai Olorum, que é o saco da criação. Naquele saco, Olorum havia depositado tudo que era necessário para que o mundo fosse criado. Quando Oxalá, saiu para criar o mundo, Exú já estava por lá. Passando por ali, Oxalá esqueceu-se de oferendar Exú, que ficou contrariado e indignado com a situação de Oxalá ter passado por ali com a intenção de realizar algo sem lhe oferendar.
Então Exú, que é senhor da magia, criou uma magia que fez Oxalá sentir muita sede e quando Oxalá chega ao Ayê para criar o mundo, ele encontra ali uma árvore de palmeira colocada por Exú. Oxalá notou que no tronco dessa árvore havia um líquido que poderia ser usado para matar sua sede. Oxalá pegou o seu cajado chamado Opáxôrô e com o cajado, Oxalá fura a palmeira e começa a beber do seu líquido. Oxalá com muita sede bebe todo o líquido que aguenta, mas aquele líquido colocado por exú era vinho de palma e Oxalá sem perceber do que se tratava, cai embriagado ao lado da palmeira com o saco da criação em suas mãos.
Exú que armou tudo isso para Oxalá, vai até lá e pega o saco da criação e chama um irmão de Oxalá chamado Odudúa e entrega a ele o saco da criação e diz que já que Oxalá havia dormido, que ele fizesse aquilo que era a tarefa de Oxalá e a qual ele queria tanto que fosse sua.
Até que Oxalá após acordar de sua embriaguez percebe que o mundo já está criado. Oxalá vai até Olorum e diz ao Pai o que aconteceu, Olorum diz então a Oxalá que não se preocupasse e lhe incumbiu a tarefa de modelar e criar os homens e as mulheres a partir do barro. Então Oxalá, se estabeleceu no mundo e em sua casa, há um forno que Oxalá após modelar o homem e a mulher a partir do Barro, os coloca para aquecer no forno então criar os homens. Quando Oxalá tira o homem de dentro do forno, percebe que o mesmo não tinha vida. Então Oxalá chama Olorum e diz que não adiantara seu empenho, pois mesmo após criá-los como Olorum disse, eles não tinham vida.
Então, Olorum para ensinar a Oxalá chega próximo a cabeça do homem (Ori) e ali Olorum soprou, a partir daquele momento o homem ganha vida e assim Oxalá passa a ter domínio do sopro da vida. Ali Oxalá ganha sua morada e passa a ser frequentemente visitado pelos outros Orixás, qualidades divinas de seu Pai e muitos outros por ser o mais velho Orixá e de grande sabedoria sobre a criação dos homens.
Um belo dia, Oxalá recebe a visita do Orixá Exú, o qual havia armado tal cilada para ele no passado. Oxalá recebe Exú de braços abertos sem mágoas e sem ressentimentos. Exú por ser o mais esperto e ao contrário dos outros Orixás, ao invés de só visitar Oxalá, ele pede para morar com Oxalá, e diz que quer servi-lo para tudo aquilo que ele precisar, Exú então ali se estabelece e aproveita a oportunidade para aprender tudo que ele pudesse de Oxalá.
A partir dali então Exú passa a servi-lo. Oxalá, depois de muito tempo de serviço prestado por Exú, totalmente agradecido, oferece a Exú a encruzilhada localizada logo antes a chegada da casa de Oxalá como sua morada e diz. Todos que me visitam trazem uma oferenda para mim, agora todos que me visitarem antes de chagar a minha casa e trazer uma oferenda para mim, terão de trazer também, uma oferenda para você Exú.
Oxalá recebe a visita de Orumilá (Orixá do Oráculo), Orumilá, queria um filho de Oxalá. Oxalá por ser esquecido, nunca preparava o filho de Orumilá, até que um dia Orumilá chega a casa de Oxalá e diz assim: – Oxalá, se você ainda não preparou meu filho, eu quero aquele que está na encruzilhada. Oxalá lhe responde, você não vai querer aquele como seu filho, ele não deve ser seu filho. Orumilá responde: – Não importa, eu quero um filho e se não me der eu quero aquele que está na encruzilhada. Oxalá olha para Orumilá e diz: – Pois bem, passe pela encruzilhada, coloque suas mãos a cabeça dele e volte para casa, deite-se com sua mulher e então ele nascerá na sua casa.
Então após meses depois na casa de Orumilá nasce Exú. Exú nasce com fome e come tudo que está a sua volta, inclusive sua mãe. Orumilá que tinha em casa sua espada consagrada por Ogum, por recomendação de Ifá, sai correndo atrás de Exú. Exú com medo, sai correndo do Ayê para o Orum. São nove oruns, e Exú percorre todos eles fugindo de Orumilá.
Orumilá vai atrás de Exú e o cortando com sua espada em cada orum, nota que a cada golpe nasce outro Exú. Em cada Orum se localiza um orixá e a cada golpe dado o Exú que surge, fica no Orum com aquele Orixá.
Em certo momento após todo esse percurso, Orumilá encurrala Exú no último Orum no canto e quando Orumilá ia aplicar o golpe, Exú diz: – Não Pai, eu devolvo a mamãe. E Exú devolve a mãe e diz a Orumilá (Orixá da revelação). Pai a partir de hoje eu quero servi-lo. Nesse momento Orumilá se torna agradecido a Exú, pois sabe que poderá contar com ele e sabe que terá ao seu lado alguém com grande poder de realização.
Exú então se torna o melhor amigo de Orumilá. Orumilá em agradecimento, dá a Exú um Oráculo chamado Merin de Logum (Oráculo de Búzios). Oxum, esposa de Orumilá fica com ciúmes dessa relação e em sua homenagem Orumilá permite que as mulheres também possam fazer a leitura no oráculo Merin de Logum.
Sendo assim, através do jogo de búzios, todo Orixá se manifesta, mas quem fala sempre é Exú.”
Esse Mito, nos passa através dele diversos ensinamentos já fundamentados em nossa religião.
– Podemos notar os ensinamentos da Origem masculina e Feminina através de Cristo e sua criação e que ele nos dá o sopro da vida.
– Podemos notar também, que até Oxalá oferenda Exú, porque nós não oferendaríamos?
– Que Oxalá após tudo que passou nas mãos de Exú o recebe com todo amor e carinho, por isso o conhecemos como o senhor do perdão divino.
– Aprendemos sobre a encruzilhada como morada e local santo de Exú, como guardador dos caminhos que nos leva a Oxalá.
– Aprendemos a origem de Exú ser o grande revelador do jogo de búzios, sobre as mulheres também terem acesso a essa leitura.
– Entendemos que existe exú guardião para cada Orixá.
Bem, fundamentando ao que este artigo se refere, é que através dos mitos e lendas conseguimos aprender infinitas coisas, desde que vistos com uma interpretação voltada ao sentido de mito, e não de um fato ocorrido. Espero que tenham muita luz com essa leitura.
Que Oxalá nos abençoe e nos guarde
Post transferido da Umbanda Grátis
Autor: Umbanda Grátis
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