Em seu livro sobre o Tarot de Thoth, A. Crowley utiliza como título “Le Mat”, uma adaptação do italiano Matto que quer dizer louco ou tolo. Esse título faz sentido quando entramos no significado direto desse arcano, que nos fala da ingenuidade, da pureza, da infantilidade. O louco traz a pureza de não estar consciente do mundo que o cerca, o mundo dito real, no qual encontram-se os conceitos de moral, ética, de convívio em sociedade. Por outro lado o Bobo é uma alusão ao Bobo da Corte do período medieval, aquele que falava, brincava com o rei e a corte sem ser perturbado, pois estava ali para divertir. Essa idéia da inconseqüência, da ousadia, da brincadeira, faz sentido quando interpretamos esse arcano no nosso cotidiano.
No entanto, Crowley vai além desses conceitos e, por entender que o tarot tem sua origem no Egito, associa o nome “Le Mat” a Maut ou Mut, deusa-abutre egípcia da cidade de Tebas. O nome Mut tem o mesmo radical da palavra egípcia que designa Mãe, sendo uma das mães simbólicas do Faraó, como Isis ou Hathor. Entretanto, o que realmente é analisado nessa carta é a lenda que descreve a reprodução da espécie do abutre através do vento, ou seja, do ar, o pai de toda existência manifestada, uma vez que Maut é a mãe. A outra lenda trata do pescoço do abutre em forma espiralada, assim como o movimento do Universo, segundo as teorias mais modernas sobre esse movimento.
O Número ZERO (0)
Por anos esse arcano não apresentava número, era considerado um coringa, assumindo geralmente qualquer posição entre o arcano XX (O Julgamento) e XXI (O Universo). Porém com a associação do Tarot com a Cabala (Árvore da Vida) iniciado por Eliphas Lèvi em seu livro Dogma e Ritual de Alta Magia e posteriormente na Golden Down em seus manuscritos cifrados, o mesmo assume o número Zero, uma eficiência abstrata matemática, uma vez que o Zero simboliza o Nada, o Vazio, o vácuo, mas não o vazio estéril e sim a total potencialidade do vir a ser. O sentido desse número está ligado ao que os cabalistas chamaram de “os 3 Véus da Existência Negativa”, uma convenção filosófica para que nossa mente possa compreender a Causa Primeira, começando por Ain – o Nada, Ain Sof – o Ilimitado e Ain Sof Aur – a Luz Ilimitada. É preciso começar do Nada original sendo o vazio a fonte e a condição da Existência, a potencialidade mais absoluta.
Os antigos tinham plena consciência dessa idéia, tanto que criaram a seguinte fórmula apresentada por Crowley no Livro de Thoth:
a) 0 = (+1) + (-1)
(+1) + (-1) = 0
Melhor dizendo:
b) 0 = 2
Vamos compreender o que isso quer dizer. Na primeira equação podemos deduzir que o zero é a origem dos opostos (+1) e (-1), isso é, dele surge a dualidade, os opostos. Se lermos ao contrário, isso é, (+1) + (-1) = 0 podemos interpretar que os opostos se aniquilam no zero. Logo, o zero é a origem e o fim de toda existência. A segunda equação nada mais é do que uma digressão da primeira. 0 = 2 simboliza que o zero contém a dualidade não manifestada.
Letra Hebraica: ALEPH (א)
Aleph é a primeira letra do alfabeto hebraico. Primeira letra mãe. No folclore judaico há uma história que fala da letra Aleph e de sua relação com Kether, a primeira Sephira da Cabala. O Caminho de Aleph é o 11º caminho da Árvore da Vida – Inteligência Ígnea ou Cintilante (Os 10 primeiros caminhos são as Sephirot). Une Kether (Coroa) a Chokmah (Sabedoria). Está em contato com o Primum Móbile, o primeiro movimento, circular e espiralado que atua sobre si mesmo para a primeira manifestação do Cosmos.
Seu significado é “Boi”. Simboliza a força vital e criadora. O boi foi a motivação do desenvolvimento da agricultura, indicando o início da civilização. Quando observamos a forma da letra – א – percebemos um arado que rompe a terra e a fecunda. O phalus e a kteis – pênis e vagina. Para Aleister Crowley, a significação de Aleph é primordialmente fálica, enquanto a terra é essencialmente feminina e isso faz sentido quando interpretamos a carta do Louco como o
andrógino, isso é, traz em si o masculino e o feminino unidos, não manifestados como opostos. Em suas palavras: “O óvulo fertilizado é sexualmente neutro”(Livro de Thoth p.52).
Representação Astrológica: Ar
Já falamos um pouco desse elemento ao explicar a analogia entre a Deusa Maut e a criação. O elemento Ar representa a união do Fogo (pai) e da Água (mãe), contém a energia de ambos, aparecendo aí mais uma forma de hermafroditismo. Crowley nos conta a lenda de Zeus Arrhenothelus (p.62), o Senhor do Ar que combina em sua natureza os princípios masculino e feminino, Deus não é menino nem menina. “O ar é como Zero que reconcilia a antinomia” (Livro de Thoth p.63)
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Interpretação do Louco no Jogo de Tarot
Sentido Geral:
A figura da carta do Louco mostra um ser em pleno salto, pernas e braços abertos, a ousadia e alegria em seu rosto são a sua marca, nada lhe prende, a liberdade é sua meta. O Louco traz em si a genialidade de seu potencial, que é inesgotável, entretanto, traz, também, a irresponsabilidade, é capaz de “chutar o balde” sem medir as consequências.
Virar as costas para o passado simboliza olhar para o futuro, com os olhos bem abertos, aliás, essa carta em si simboliza a capacidade de crescimento do ser humano, sair do zero para dar os primeiros passos. O estágio que ela representa é a infância. Simboliza dar um salto de qualidade, pular no escuro sem saber com segurança aonde vai cair, mas é sempre bom alertar para que se tenha um objetivo a alcançar, para que esse salto não seja um ato de irresponsabilidade ou fuga.
O Louco é a inocência, o prazer, a embriaguez. A criatividade em pleno processo de geração. Em termos profissionais podemos estar lidando com um artista, uma pessoa que alcança outras esferas de compreensão do mundo, do universo. Pode 8 estar sinalizando que, no trabalho, a pessoa está inocente do que está acontecendo, até com um grande grau de ingenuidade. Alerta que precisa ficar com os olhos mais abertos, mais atenta ao que está acontecendo. Indica liberdade de ação, às vezes um trabalho free lance, sem carteira assinada, sem compromissos de hora e de tempo. Indica necessidade de tirar férias.
Na saúde, o Louco nos mostra um corpo são, mas com uma mente um pouco tendenciosa a “viagens”, logo, é uma carta que alerta para drogas, álcool, vício.
Momento de cuidar mais da saúde, da alimentação, o Louco nos passa uma certa irresponsabilidade com as regras, com a hora de almoço e jantar, está mais para o “fast-food”, um sanduíche rápido que uma alimentação mais adequada. No amor, nos sugere alegria e aventura, nada de responsabilidade e vínculos.
Relações estáveis não são para ele, entretanto, um caso amoroso cheio de aventura e emoções é a própria energia da carta. Prazer.
Essa carta nos mostra um novo ciclo que nasce, a criança que eclode do óvulo e do espermatozóide. Indica o fim de uma jornada e início de outra, mais livre, nova, cheia de desafios. Caso esteja junto da carta do Universo fica bem clara essa interpretação. Ambas cartas encerram no seu conteúdo o princípio e o fim, elas começam e terminam um ciclo. Começamos a jornada com a carta do Louco e a finalizamos com a carta do Universo. Em certas circunstâncias nos fala da vida e morte, de um ciclo de vida que se encerra e o nascimento para uma nova etapa.
Para se falar desse Arcano que é místico e altamente profundo em sua atuação em nossa vida, é necessário uma profunda reflexão sobre conhecimentos místicos muito bem guardados durante anos, o que se tornaria bastante difícil falarmos em um post de blog. Mas esse é um momento muito bom, uma vez que estamos lançando um curso completo de “Formação em Tarot de Thoth” com a Márcia Seabra que é a maior referência de Thelema e Tarot de Thoth no Brasil com mais de 30 anos de experiência em sua jornada mágica e mística.
Por isso, convido você a dar uma olhadinha lá, pois além de um curso fantástico, é um estudo que irá te dar uma profissão como tarólogo tanto para o uso no autoconhecimento como para atendimento ao público. Vale muito a pena!
Referência: Livro de Thoth e estudos Márcia Seabra