Invariavelmente quando estamos na Umbanda ouvimos falar a respeito de amarrações amorosas. Pra quem está fora, a Umbanda pode ser um recurso para “trazer seu amor de volta em 3 dias” assim como pedimos um lanche no balcão de uma padaria qualquer. Infelizmente a nossa religião carrega um estigma ligado ao preconceito e ao racismo que faz com que posicionamentos deste tipo sejam comuns. Aliado a isso, determinados dirigentes espirituais se prestam a realizar tal feito, o que aumenta mais ainda a confusão do público leigo sobre este assunto.
Quando falamos em amarração amorosa, estamos abrangendo todo e qualquer tipo de trabalho destinado a unir duas pessoas, magisticamente falando e geralmente isso é feito por uma das partes que busca apoio em pessoas que fazem esse tipo de trabalho. E antes de começarmos, já vou responder uma dúvida que aparece bastante. Amarração amorosa funciona? Sim, funciona. Mas quero propor algumas questões sobre esse tema pra pensarmos juntos.
Uma coisa que eu ouço muito as pessoas falarem é que elas estão buscando isso pra ter paz nos relacionamentos, e que não é pra “fazer mal pra ninguém”. Ao fazer uma amarração amorosa você está unindo energeticamente duas energias, mas não está ajudando a resolver o motivo pelo qual essas energias começaram a se repelir e o relacionamento começou a não dar certo. Ou seja, existe uma grande probabilidade de que a amarração funcione, mas a vida das duas pessoas se torne um inferno.
Outro fator que não é levado em consideração pela pessoa que busca uma amarração é que o outro tem o direito de não querer mais estar com você. Não precisa ter nem motivo específico. E se isso ofende tanto pode ser que esta pessoa que busca amarração esteja depositando no outro toda a esperança de ser feliz. Quando na verdade, temos que ser felizes sozinhos e compartilhar a felicidade com outro, ao invés de depender dele para que sejamos felizes. A busca pela amarração é um grito que manda a mensagem de auto estima baixa. Porque se estivesse tudo bem internamente, não iria doer tanto ser rejeitada por alguém.
A questão que eu quero trazer aqui vai além do debate sobre ser certo ou errado fazer amarração amorosa para alguém. Afinal de contas, nós não podemos medir o desespero alheio usando a nossa régua pessoal. Não podemos julgar o desequilíbrio profundo e a cegueira emocional que leva alguém a buscar priorizar o seu livre arbítrio em detrimento do livre arbítrio do outro. Eu pessoalmente penso que isso não tem nada a ver com amor. Mas a responsabilidade sobre esta questão não está em quem busca, mas em quem realiza esses tipos de trabalho.
Como Umbandistas, vale a pena pensar qual é o tipo de ser humano que nos tornamos a partir das nossas ações. Quais valores adquirimos e perdemos ao ser conivente ou praticar amarrações amorosas? É isso que está em questão muito mais do que temer por um castigo divino. Isso vale para amarração amorosa, mas também vale pra todos os dias das nossas vidas, em cada ação que tomamos.
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Um Beijo!!
Stephani Scatolini